sexta-feira, setembro 25, 2015

Carta aberta aos senhores deputados da bancada evangélica

Senhores,
não sou uma pessoa chegada a polêmicas. Em outro momento, talvez, nem fosse comentar sobre a definição de família aprovada por vocês, por mais absurda que me parecesse. Mas ocorre que na noite passada, amamentando minha filha recém nascida, e lendo todas as notícias acerca do assunto, me entristeci por pensar no Brasil que estamos deixando para ela ( e para milhares de outras crianças).

Vim de uma legítima família tradicional brasileira, daquelas com pessoas super frequentadoras da igreja, que querem catequizar todos a sua volta. Pasmem vocês, mas isso só me fez ficar mais crítica quando o assunto é religião... (Estou aqui torcendo para que ocorra o mesmo com os vossos filhos). Não entra na minha cabeça, o Brasil ser um estado laico, e vocês ainda estarem aí na Câmara, colocando opiniões de cunho religioso sobre as leis do nosso país.

Não me entendam mal. Eu respeito muito a religião. Como eu já disse, venho de uma família cheia de religiosos. Mas me preocupo fortemente com o futuro, assistindo suas interpretações deturpadas de trechos bíblicos, em sua grande maioria intolerantes e preconceituosas.

Eu gostaria de saber, (e estou aguardando a resposta) como a sua fé, poderia interferir no direito das outras pessoas? Como, num estado laico assegurado constitucionalmente, alguém pode deferir leis com base nos valores religiosos de alguns? Como? Eu não canso de me perguntar... 

Essa noite, amamentando minha filha, não consegui olhar pra ela sem pensar nas milhares de outras crianças, que tem a sorte de ter uma família, e nas outras milhares que estão por aí, algumas em orfanatos, outras nas ruas largadas a própria sorte, esperando por uma. 

Há pouco tempo, uma professora minha adotou um casal, irmãos de 8 e 10 anos, e em alguns dias, eram a família mais feliz do mundo. Como se sempre tivessem sido. Como se estivessem destinados a ser. Também tenho inúmeros amigos homossexuais que desejam adotar crianças. Sempre achei esse gesto dos mais nobres. São pessoas, sem laços sanguíneos, vivendo como família por escolha. Tem coisa mais bonita?

É necessário ter um coração muito, muito grande, e cheio de amor, para configurar uma família. Estou falando sério. Parir filhos, ser um casal homem e mulher, é super simples. 
Difícil mesmo é SER uma família. É criar os filhos numa esfera rodeada de amor e compreensão. É superar o preconceito, as dificuldades, dia após dia, e ainda assim, se manter cordial e respeitoso com os outros. É aceitar o outro, como ele é. É o amor, acima de todas as outras coisas.

Sei que vocês não entendem bem do que eu estou falando, mas de repente, conseguem fazer um esforço. Olha, eu como mãe, sempre achei que cada um poderia transmitir aos seus filhos os valores que achasse que deveria (inclusive esses, de ignorância incomparável). No entanto, não queiram por favor, estender isso aos demais.

Já me alonguei muito, mas antes de concluir, vou contar uma historinha:

Tenho um filho, que na época, estava com 7 anos.
Ele e sua melhor amiga, que é filha de pais separados e mora com a mãe e com a avó, estavam saindo do colégio. A menina, conversando com ele, se mostrou bem surpresa por ele morar com o pai e com a mãe, afinal essa não era a realidade dela. E adivinhem só? Meu filhinho, de 7 anos, diante daquela situação, explicou para todos (inclusive para mim) que haviam muitos tipos de família. Família com pai e mãe, com só a mãe, ou só o pai. Algumas famílias com avós, ou tios. Famílias com dois pais, ou com duas mães... E ele terminou dizendo: o que vale é o amor, não é mãe? 

Meus olhos se encheram de lágrimas obviamente. Afinal eu nunca tinha entrado nesse tipo de assunto com ele. E o que eu quero dizer com isso senhores? É bem simples.
Se o medo de vocês ainda é "o que eu vou dizer ao meu filho", não se preocupem. Não há mais necessidade de dizer nada! Crianças são genuinamente boas. Nada é preciso ser feito. Só precisamos aceitar o outro, respeitar o outro, coisa que toda religião prega.

Apesar dos seus esforços, sinto informar que família não se define.
Família se cria, se recria, se reinventa. Tudo para estar próximo de quem amamos. Essa é a máxima.

Afinal, o que vale é o amor, não é?

Lela.



quinta-feira, setembro 24, 2015

5 dicas para aproveitar o dia com o filho mais velho (ou como diminuir o ciúme)

Pois ontem, eu comentei aqui as 5 coisas para se fazer com o bebê, e melhorar o choro. Mas aí, que tem gente que me acompanha em tudo que eu faço, que também pediu lista:

5 coisas para se fazer com o irmão mais velho
(com ajuda especial dele, o próprio)

1. Desenhar junto: se tem uma coisa que meu filho e eu temos em comum, é nosso amor pelo desenho. Desenhar é uma maneira incrível de se expressar, colocar os sentimentos para fora, aflora a criatividade, e claro, rende sempre momentos especiais juntos. Nós gostamos de pintar, de aquarelar, de usar tinta, vale tudo. E se não tem todo esse material disponível, o bom e velho lápis de cor também traz bastante felicidade.

2. Jogar um jogo: Vinícius tem uma criatividade impressionante, e sempre cria jogos. Então, geralmente a noite, depois que a pequena já dormiu, nós tiramos um momento para jogar esses jogos que ele inventa (parece um rpg, mas com a diferença de que ele que cria e desenha tudo). Acho ótimo, porque é um momento em que estamos dando atenção total a ele. Mas se seu filho não cria jogos, tudo bem também. A gente também joga jogos de tabuleiro, videogame, e tudo o que estiver a disposição.

3. Assistir a um filminho: qualquer minutinho, pode ser usado para assistir um filminho. E com a vantagem de poder, nessa atividade, ter a irmãzinha junto. Nós assistimos tanto desenhos curtos na televisão mesmo, como filmes. 

4. Tomar banho junto: esse é meio pessoal, mas faz sucesso aqui em casa. Eu e o Vini sempre tomamos banho juntos. E se isso já fazia parte da rotina antes do bebê nascer, nem pensar em retirar não é mesmo? É um momento ótimo, em que eu lavo seus cabelos, faço massagem nas costas, nós conversamos, ele lava minhas costas... Se você também tem esse hábito, mantê-lo vai fazer seu filho se sentir cuidado e mimado, usufruindo de um tempo só de vocês dois.

5. Conversar: Vinícius é um papagaio. Fala sem parar. Com a chegada da irmã, nós estamos mantendo conversas, onde ele possa expressar sem bloqueios, o que está sentindo. Tudo é permitido. Ele pode dizer que acha a irmã chata por exemplo, sem ser repreendido. Assim ele se mantém fiel na relação de contar conosco sempre, para tudo que o incomoda, sem se preocupar com julgamentos.

Vini, pintando com meus pincéis e tintas. Não é que ele tem talento? É um mini poeta já <3

E você que tem filho mais velho, me conta o que vocês fazem juntos, depois da chegada do irmãozinho! 
Seguimos compartilhando.

Até,
Lela

quarta-feira, setembro 23, 2015

5 dicas para aproveitar o dia com o bebê e acabar com o choro

Finalmente estamos entrando na estação mais gostosa do ano: a primavera. É a minha estação preferida: flores e clima delícia, tem como não amar?

Minha filhinha está prestes a completar 2 meses, ela chora muito, e me parece bastante entediada. Depois de checar toda a possível lista do que ela poderia estar sentindo (fome, fralda suja, cólica, colinho, refluxo entre outros) resolvi procurar por atividades que eu pudesse fazer com ela, e distraí-la, reduzindo o chororô.

Aí vão algumas dicas do que fiz hoje, e funcionou:

1. Colocar roupa fresquinha: pode parecer uma bobagem isso que eu estou dizendo, mas não é. Frequentemente estamos errando na roupinha do bebê. Ou eles estão "encapotados" demais, ou estão passando frio. Apesar de dizerem para colocar neles uma roupa semelhante a nossa, com um pouquinho a mais de agasalho, as vezes os pais tem mesmo o termostato quebrado. Eu sou dessas. Então o pediatra deu a dica: avalie a temperatura do bebê pela barriguinha, mãos e pés costumam ser mais gelados, e você corre o risco de colocar roupas demais no seu filho, e deixá-lo irritado.

2. Passear no carrinho: saímos para dar um passeio no carrinho hoje. Ela adorou. Não precisa ser nada muito elaborado: a gente passeou aqui mesmo, no condomínio. Mas pode passear na rua, num parque, onde for mais prazeroso para você. Sair para passear faz um bem danado ao bebê, mas faz muito bem também para a mamãe. Aqui, até o cachorro saiu no lucro, porque levei no passeio. Só é preciso tomar cuidado com os horários, e com o sol. 

3. Escutar e cantar musiquinhas: voltamos pra casa e... começou o chororô. Aproveitei que estava super animada, e coloquei musiquinhas pra gente ouvir. Nada muito barulhento, pode-se escolher entre musiquinhas instrumentais para bebê (tem várias playlists no youtube) ou as suas músicas preferidas mesmo, se você notar que o bebê se entretêm. Hoje, fomos de MPB, e fez sucesso viu...

4. Banho demorado: essa é a melhor parte da primavera, com certeza. O clima está ótimo para tomar um banho mais demorado. Minha filhinha adora banho. Ficar pelada aqui em casa é alegria na certa. Poder ficar uns bons minutos a mais na banheira foi uma festa pra ela.

5. Massagem relaxante: depois de um banho demorado, que tal uma massagem bem gostosa? Os benefícios do toque da mamãe são inúmeros, relaxam, aproximam mãe e filho, além de acalmar, diminuir o choro e os desconfortos do pequeno. Aqui em casa, funcionou.

Olha, vou dizer que depois de realizar cada atividade da lista, minha pequena ficou mais relaxada, calma, dormiu melhor durante o dia, e nós aproveitamos ótimos momentos juntas.

E vocês, que atividades fazem com seus pequenos?
Seguimos compartilhando.

Até,
Lela


segunda-feira, setembro 21, 2015

Sobre ter um tempo para cuidar de si

Quando meu primeiro filho chegou, eu não imaginava o que me esperava depois do seu nascimento. Eu tinha 23 anos quando ele nasceu. Foi tudo muito difícil.

Depois de uma gravidez difícil, com pós parto difícil, Vinícius não mamava. Ele perdeu muito peso, teve icterícia, e ficamos pelo menos um mês no hospital, somando as duas internações dele. 
Não aguentei a barra, e desisti da amamentação. Também me sentia despreparada, sentia uma enorme tristeza, e quase entrei em depressão.Nossos amigos na época, todos tão novos quanto nós, ficaram afastados do nosso convívio. Foi um período sofrido, de muita solidão, que demorou bons anos para passar.

Ano passado, quando descobri minha gravidez, fiquei bastante insegura e preocupada. Afinal, eu não era mais inexperiente, e já sabia o que me esperava. Passei a gravidez toda desejando que tudo dessa vez fosse diferente. Que fosse mais leve. Que meu aprendizado anterior, pudesse me fazer superar tudo mais facilmente dessa vez. 

Só que cada filho é um filho. E é sempre tudo novo. É sempre uma experiência nova. Eu, com 31, não sou a mesma mulher que tinha 23. Minhas idéias, meu estilo de vida, muita coisa mudou. Para melhor, ainda bem. Então, se eu quisesse ter uma experiência diferente, sabia que teria de fazer diferente.

Ser mãe é algo incrivelmente maravilhoso. Mas o início é penoso também. Estamos cansadas, despidas de nossas vaidades, em função do bebê 24 horas. Estamos sempre nos colocando em último lugar. Portanto, é importantíssimo tirar alguns minutos, para cuidarmos de nós mesmas.

Desde que a Valentina nasceu, tenho escrito com mais frequência. São os meus minutos. Me ajuda. É um momento em que organizo minhas idéias. Também estou desenhando. Essa é outra coisa que sempre amei fazer. 



Sou uma pessoa muito agitada, socialmente agitada, gosto de conversar, ver gente, sair de casa. Tirar alguns minutos do trabalho, dos filhos, da casa, para concentrar em mim e em algo que me faz bem, tem me ajudado demais.

É isso. Quem gosta de ler minhas maluquices por aqui, pode acompanhar as minhas impressões desenhadas lá no insta @madamelentilha.

Quero saber as opiniões de vocês.
Até, 
Lela


quarta-feira, setembro 16, 2015

Tipos de mãe

Já ouvi muita gente dizer que "mãe é tudo igual". 
Tenho discordado cada vez mais dessa frase.
O que eu tenho visto ultimamente, desde que me tornei mãe pela segunda vez, é que tem um monte, mas um monte de tipos de mãe diferentes.

Vocês já repararam?
Tem a mãe que defende o parto humanizado com unhas e dentes, tem a que quer tentar o parto normal "mas se não der tudo bem", tem a que prefere a cesárea...

Tem a mãe ecológica, que quer ter um "bebê sustentável", e nele usa fraldas de pano, desfralda com meses e coloca no vaso sanitário, só compra roupas de algodão, e usa sabonetes especiais...

Tem a mãe que usa fralda descartável, que compra roupa em loja de departamento, lava tudo com sabão para bebês na máquina, e usa sabonetes industrializados e colônias de bebê...

Tem a mãe que só faz comidinha com orgânicos, e a que compra papinhas prontas...

Tem a mãe estressada, que está sempre preocupada com o filho, sendo ele bebê ou não. E a mãe relax, que acha que tudo faz parte da vida, que tudo é aprendizado.

Tem mãe que deixa ver televisão, e outras que acham que a TV é um veneno. Algumas compram tablets e smartphones pros seus filhos, e outras que acham que a tecnologia é um perigo para a infância. Tem mãe que bota o filho a brincar na rua, e outras que tem medo que ele desça sozinho para o play do próprio prédio.

Algumas mães ensinam seus filhos a rezar. Outras não tem religião.
Umas trabalham fora, e outras ficam cuidando dos filhos em tempo integral.
Tem mãe que prefere escola pública, e tem mãe que quer colocar na particular.

É tipo de mãe, que não acaba mais!
E sabe uma outra coisa que não pode acabar? O RESPEITO!
O que não pode, é ter uma mãe criticando a outra. O que não pode, é impor seu modo de educar. O que não pode, é achar que uma é menor que a outra porque tomou um caminho diferente. Porque acredita em algo diferente, porque não tem as mesmas convicções.

Toda mãe ama seu filho. E toda mãe tenta fazer por ele, o seu melhor.
Isso, é o que faz as pessoas dizerem que somos todas iguais. O resto, é resto.

Eu e meu filho. Foto Eu que ti - Fotografia Infantil

Até ;)

terça-feira, setembro 15, 2015

O bebê e você: a incrível geração de mulheres que (não) precisam dar conta de tudo

O bebê chegou!
Você está envolta em uma aura de felicidade, mas não há como negar as preocupações que chegam junto com o filhote, e a principal delas é: será que eu vou dar conta?

Nós sabemos: durante muito tempo, as mulheres foram obrigadas a dar conta de tudo sozinhas. Algumas ainda vivem assim, tendo que dar um jeito. Mas a verdade é que, ninguém consegue fazer tudo sozinho. Então, porque uma mãe conseguiria?

Tive a sorte de ter ao meu lado neste primeiro mês o pai dos meus filhos. Ele pegou suas férias, e durante esse período inicial, lavou, limpou e cozinhou - além de ter dado suporte para as atividades do filho mais velho, como levá-lo para a escola - tudo para que eu ficasse apenas me dedicando ao bebê. E ainda assim, fiquei exausta.

Não se engane: não sou uma pessoa preguiçosa. Trabalho, estudo, cuido como posso da casa, e dou toda atenção aos meus filhos. O que ocorre, simplesmente, é que entre cuidar de um recém nascido e descansar, não sobra quase nada de tempo. 

Converso com pessoas que, não tem a sorte de, como eu, ter tido alguém por perto nesse início, e lá estão elas, descabeladas, exaustas, famintas, dizendo: "não tenho nem tempo para comer!", "não consigo nem lavar o cabelo", "ir no banheiro sozinha? nunca mais"... pára lá! O que é isso?
Mas tem coisa pior: vejo mulheres que bradam seus superpoderes sobre as outras, achando que são superiores porque estão fazendo sozinhas aquilo que deveria ser dividido entre a mãe e o pai. Isso não é superpoder. É submissão. É o resquício de anos de machismo impregnados, fazendo você se acreditar heroína, quando na verdade é só um ser humano exausto, no exercício de multi funções.

Não há nada de glorioso em estar exausta, acumulando atividades em casa. Somos uma geração de mulheres esclarecidas que sabem que não precisam dar conta de tudo. Ou, será que somos? Exigir isso, seria no mínimo desumano.

Infelizmente, muitas mães não tem a minha sorte. Vamos dizer que, a minha sorte, também acabou. Hoje meu marido retornou ao trabalho, e por mais que ele me ajude quando voltar para casa, a partir de agora seremos só nós, e um monte de coisas para "dar conta" durante o dia.
O que eu quero dizer com esse texto é muito simples: nós não somos obrigadas a nada! 
O que pode parecer uma frase boba, é a mais pura verdade: não somos obrigadas a dar conta do recado. Aprenda a dividir as responsabilidades, não coloque o mundo sobre seus ombros. Você não merece.

Aceite.
Todo mundo precisa de ajuda. E ao contrário do que sua mãe te disse um dia,
sim, você é todo mundo.


Até ;)

quinta-feira, setembro 10, 2015

O primeiro filho - ou filho mais velho

Lembre-se de quando descobriu que estava grávida do seu primeiro filho. Lembre-se da alegria interminável que permeou seus dias depois que ele nasceu. Lembre-se do quanto ele te ensinou.
O primeiro filho é um reflexo de toda a sua inexperiência, mas também de toda a sua vontade de acertar. 

Por ele você fez cursos. Leu todos os livros. Vasculhou todos os sites. E ainda assim se viu desesperada enquanto ele chorava.
Nele você colocou a fralda de trás pra frente, colocou a calça do avesso.
O banho dele, você deixou quente demais. Ou frio. 
Coitado, ele experimentou suas primeiras papinhas. Comeu fazendo até cara feia.
Você chorou pra colocá-lo na escola, pra levá-lo na escola, pra deixá-lo na escola.

Muito provavelmente seu primeiro filho lhe ensinou a cortar as unhas. As dele, não as suas. 
Cortar as unhas de uma criança é um trabalho quase cirúrgico. Agora que você já sabe, deveria carregar uma habilitação. Ou uma medalha.
O primeiro filho nasceu para ensinar você a fazer tudo com uma mão só. Depois que ele te ensina, você nunca mais desaprende. Pode ir para o curriculum vitae.

Você chorou quando os dentes nasceram, quando cairam, quando nasceram os permanentes. Quando você achou que ele já tinha crescido demais... vem então um outro filho.

Ah que sorte. Tem o caminho pavimentado, diria a minha mãe. 
É isso. O filho mais velho pavimenta o caminho para o mais novo. Lapida o diamante para colocar no pescoço do irmão. Ele, depois de ter que aguentar toda a sua falta de experiência, ainda precisa aturar não ser mais único. Precisa entender, aceitar, e dividir.

Quanta responsabilidade. 
Por isso amo tanto meu primogênito. Não que eu o ame mais que o outro. É que por ele, além de amor, sinto uma espécie de gratidão.

O primeiro filho - ou o filho mais velho nasceu com uma missão. A mais importante de todas. 
A de nos transformar em MÃE.

Vini sendo Vini. Fotos da Juçara Hobold, da Eu que ti Fotografia Infantil

Até, :)

quarta-feira, setembro 09, 2015

Fotos de família

Neste feriado fizemos nossa primeira viagem. Fomos visitar meus pais, na minha cidade natal.
Viajar com a pequena foi relativamente tranquilo, ela dormiu bem durante o trajeto, e mamou durante a parada que fizemos. 

Mas não era sobre isso que eu ia falar... eu ia falar é das fotos de família que encontrei.
Quando um bebê nasce, sempre temos aquela curiosidade de saber com quem se parece. Eu estava esperando ir pra casa pra mexer nas minhas fotos da infância (o Bruno já tinha mexido nas dele ahahha) pra poder dizer também "olha, minha filhinha também se parece comigo!". Ok, eu sei, nesse quesito os pais são sempre muito bobos.

Acontece que, na minha infância nós não tínhamos tantas fotos assim, como hoje. E deu um trabalhão tentar reconhecer algum traço da minha filha nas fotografias já amareladas pelo tempo. Mas, valeu a diversão! Em meio a muitas risadas, os álbuns foram redescobertos, e as lembranças revividas. 

Que delícia. 

Fotinhas de neném, minha mãe achando que ia ter um menino... ahahahhaa

Eu, sendo fofa. E achando que a Valentina vai ser a minha cara, hihi.

 Cuidando do coelhinho.

Com a galera num aniversário, e brincando com as migas.

Apresentação vexatória escolar e fofoca com as migas no passeio ao zoo.



Obrigada passado, você foi generoso comigo...

Até
;)


terça-feira, setembro 08, 2015

Sobre amamentação...

Há 8 anos atrás, eu tive meu primeiro filho. Foi uma experiência incrível e estarrecedora, como todo nascimento de um filho é. Nessa minha primeira experiência como mãe, nada foi fácil...

Vinícius nasceu depois de uma gravidez complicada. No oitavo mês de gestação tive problemas na coluna, e não conseguia mais caminhar nem fazer minhas atividades cotidianas. Ficamos eu e ele de repouso absoluto nessa fase. Depois de uma cesariana, uma recuperação pós parto nada tranquila me encheu de medos e traumas. Meu filhinho não sugava, e eu não conseguia amamentá-lo.
Recebemos alta, e fomos pra casa. Minha inexperiência não ajudou no processo de amamentação, e meu filhinho emagreceu demais, precisando de alguns bons dias no hospital. Minha rotina era essa: ou estava tentando amamentá-lo, ou estava tirando leite para dar a ele com seringas, luvas, e outros artifícios que me eram mencionados.
Tentamos tudo, até que um dia, exaustos, meu namorado sentenciou: ok Mirela, agora chega né? E lá fomos nós para a fórmula logo após um mês de tentativas sem sucesso e muito sofrimento. 

Eu sempre dizia que teria outro filho, quando me esquecesse do que tinha passado com o primeiro. Ocorre que o segundo filho veio, e eu ainda não tinha esquecido. Desde o início da gravidez, me pegava pensando e mentalizando como tudo seria diferente dessa vez. Como minha filhinha iria mamar perfeitamente. Como eu, mãe de agora segunda viagem, teria mais tranquilidade e maturidade para passar pelo desafio da amamentação.

E a Valentina chegou ao mundo mamando. Com a pega perfeita. Como eu sonhei.
Mas logo que meu leite desceu, começaram todos os problemas. Dores, rachaduras, seios empedrados, febre. Todo o horror tinha voltado. E eu, que achava que teria mais capacidades dessa vez, me vi novamente perdida e sem chão.
A verdade é que não senti apoio das pessoas: todos querendo ajudar acabam dizendo "se não der certo, tudo bem né?" Não. Não né. Até o pediatra me disse a frase "se você não conseguir existem ai ótimas fórmulas". 

Ocorre que, o que eu queria ouvir, o que eu precisava ouvir, era um "vai lá que você consegue". Queria um estímulo. Queria um abrigo, um colo pra chorar, mas não queria alguém que me estimulasse a desistir. Amamentar minha filha era mais que alimentá-la. Era um desejo, era um vínculo que eu queria vivenciar. 

Um dia, depois de muito choro e sentimento de incapacidade, uma amiga muito querida de anos atrás, (a Carol Rivello) escreveu um depoimento sobre como ela se sentia nesse processo com os seus filhos, e eu acabei lendo aquilo de madrugada. Me senti abraçada. Conversamos por mensagens, e a Carol me estendeu a mão de uma maneira, que acho que nem ela sabe como serei sempre grata. Naquele momento, foram muito mais do que simples dicas do que fazer. O que eu precisava, e que ela fez por mim foi me dizer (mesmo que não tenha proferido essas palavras) VOCÊ CONSEGUE.

No outro dia eu já estava mais calma, e as coisas foram melhorando. 
Não vou mentir: eu e a minha filha ainda não nos acertamos 100%. As vezes dói, as vezes tenho leite demais e as vezes de menos. Amamentar em livre demanda me deixa exausta, e tem dias que não consigo nem fazer as minhas refeições. Mas é isso, eu estou conseguindo.

EU ESTOU CONSEGUINDO!
Acho que ninguém conta pra gente como esse processo de amamentar pode ser dificultoso, como pode ser diferente das fotos de artistas com seus filhos nos braços, amamentando em meio a sorrisos. 

Então hoje eu escrevo este texto porque estou comemorando. Consegui superar e hoje ultrapasso a marca da minha primeira gravidez, quebro meu próprio recorde, e amamento minha filha há um mês e 11 dias, apesar de tudo, e de todos.

Continuo assim, um dia depois do outro, lutando com minha filha, por esse momento tão nosso.



Até
;)

quarta-feira, setembro 02, 2015

A primeira viagem do bebê

Vamos viajar!

Valentina mal completou seu primeiro mês, e lá vamos nós para a casa da vovó e do vovô...
Estou misturada: um pouco preocupada, pensando como ela vai se comportar na viagem; um tanto animada para apresentar a pequena para algumas pessoas bem queridas pra mim; e aquele tanto estressada, pensando no que vou ter que levar.

Eu andei lendo em alguns sites, dicas de viagens com bebês e claro, me apavoraram mais um pouquinho dizendo "você não vai viajar com um bebê antes dos três meses porque você não é louca, e vai ficar exausta".
Novidade: sou louca :)
E também vamos combinar que não é lá essas coisas de grandes viagem... Serão no máximo 4 horas, mesmo contando com algumas paradas pelo caminho.


Tá, mas e ai, o que levar?
Como estou indo pra casa da minha mãe, poupo muitas tralhas. Mas ainda assim, a lista de coisas pra levar já ta puxada... Para quatro dias fora, estou levando:

Para o trajeto

  • certidão de nascimento
  • painel protetor de sol para o carro
  • cadeirinha (já está lá, mas é sempre bom frisar a obrigatoriedade né)
  • fraldas de boca
  • mantinha e cobertor (como vamos pela serra, pode esfriar)
  • bolsa de passeio, com fraldas, trocador, pomada de assaduras, saquinho plástico para colocar fraldas sujas, lenços umedecidos, e uma troca de roupas.

Para a estadia

  • carrinho de passeio (por enquanto ela vai dormir nele, porque ainda está pequenina. Em outras, já vou ter que levar o berço portátil que comprei)
  • 2 toalhas de banho e produtinhos de higiene (vou levar duas porque ela tem uma mania de fazer xixi na toalha quando estou secando hahahaha. que alegria, né?)
  • 8 conjuntos de body e calça (como to indo pra casa de mamãe, qualquer coisa lavo lá)
  • 6 pares de meias
  • 4 tiptops de frio (Rio do Sul é muito doido melhor garantir)
  • 4 tiptops levinhos
  • 2 mantinhas e 1 cobertor
  • saco de dormir
  • 8 fraldas de boca

Opcionais

  • pacote de fraldas descartáveis e lenços umedecidos grande. (opcionais porque SE faltar espaço no porta-malas, compro lá, afinal tenho mais um filho pra carregar).
E aí, será que estou esquecendo de alguma coisa?
Estou quase levando a casa toda. Uma pena ela não ter rodinhas...

Até :)

terça-feira, setembro 01, 2015

O neurônio espelho

Dias atrás, minha filhinha me deu um cansaço e tanto: resolveu passar a noite toda acordada. Só dormia no colo, quando colocada no berço, ela abria aquele berreiro. 

Eu estava muito cansada, as horas iam passando, e levando consigo a minha paciência. Fui ficando exausta e nervosa, e ela foi ficando cada vez mais chorona e desperta. Assim passamos a noite, uma lutando com a outra, numa briga onde as duas saíram perdendo (e cheias de sono).

Na noite seguinte, tudo se encaminhava para um mesmo desfecho: tarde da noite, e a Valentina acordada. Só que dessa vez, eu estava muito tranquila, mesmo estando exausta. Tinha decidido, que não iria lutar contra ela, que iria me render: se ela quisesse mamar mil vezes, dormir no peito, ficar só no balanço, enfim, eu estaria disposta a fazer tudo isso porque estava tão cansada, mas tão cansada, que só de pensar na batalha da noite anterior, me apavorava.

E aí aconteceu aquilo que todos já devem imaginar: uma mãe calma, faz um bebê calmo. Seguindo meu exemplo, ela passou a noite toda tranquila, mesmo quando acordada. 

Em um dado momento, segurando a pequena no colo, notei que ela fechava os olhos quando eu fechava os meus. E bocejava, quando eu bocejava. Ela estava me imitando. Meus olhos se encheram de lágrima, porque percebi como eu tinha sido responsável pela noite terrível que eu e a minha filha tínhamos passado na noite anterior. Ela só estava me imitando, o tempo todo.

Valentina e seu soninho tranquilo - Foto da Juçara Hobold, da Eu que ti Fotografia Infantil

Filhos imitam os pais. Nosso comportamento é a base para que eles aprendam como devem se portar.
Esses dias eu lia um texto do Piangers incrível (esse aqui ó) que foi um tapa na minha cara obviamente. Eu sempre mando o Vinícius sair da frente do computador, mas eu mesma passo muito mais horas do que devia na frente dele...

É incrível poder fazer essa análise, e ver que nossos filhos são um reflexo de nós mesmos. Enquanto não forem capazes de discernir por conta própria o que acham certo, ou errado, vão apenas nos seguir e nos imitar, rumo ao topo, ou rumo ao desfiladeiro. Somos nós, os responsáveis pelos filhos que temos. Somos nós os responsáveis pelos monstrinhos que estamos criando.

Que possamos então, lembrar disso diariamente.
Para que nossos mini espelhos possam refletir nossas melhores faces.

Até
;)