terça-feira, setembro 08, 2015

Sobre amamentação...

Há 8 anos atrás, eu tive meu primeiro filho. Foi uma experiência incrível e estarrecedora, como todo nascimento de um filho é. Nessa minha primeira experiência como mãe, nada foi fácil...

Vinícius nasceu depois de uma gravidez complicada. No oitavo mês de gestação tive problemas na coluna, e não conseguia mais caminhar nem fazer minhas atividades cotidianas. Ficamos eu e ele de repouso absoluto nessa fase. Depois de uma cesariana, uma recuperação pós parto nada tranquila me encheu de medos e traumas. Meu filhinho não sugava, e eu não conseguia amamentá-lo.
Recebemos alta, e fomos pra casa. Minha inexperiência não ajudou no processo de amamentação, e meu filhinho emagreceu demais, precisando de alguns bons dias no hospital. Minha rotina era essa: ou estava tentando amamentá-lo, ou estava tirando leite para dar a ele com seringas, luvas, e outros artifícios que me eram mencionados.
Tentamos tudo, até que um dia, exaustos, meu namorado sentenciou: ok Mirela, agora chega né? E lá fomos nós para a fórmula logo após um mês de tentativas sem sucesso e muito sofrimento. 

Eu sempre dizia que teria outro filho, quando me esquecesse do que tinha passado com o primeiro. Ocorre que o segundo filho veio, e eu ainda não tinha esquecido. Desde o início da gravidez, me pegava pensando e mentalizando como tudo seria diferente dessa vez. Como minha filhinha iria mamar perfeitamente. Como eu, mãe de agora segunda viagem, teria mais tranquilidade e maturidade para passar pelo desafio da amamentação.

E a Valentina chegou ao mundo mamando. Com a pega perfeita. Como eu sonhei.
Mas logo que meu leite desceu, começaram todos os problemas. Dores, rachaduras, seios empedrados, febre. Todo o horror tinha voltado. E eu, que achava que teria mais capacidades dessa vez, me vi novamente perdida e sem chão.
A verdade é que não senti apoio das pessoas: todos querendo ajudar acabam dizendo "se não der certo, tudo bem né?" Não. Não né. Até o pediatra me disse a frase "se você não conseguir existem ai ótimas fórmulas". 

Ocorre que, o que eu queria ouvir, o que eu precisava ouvir, era um "vai lá que você consegue". Queria um estímulo. Queria um abrigo, um colo pra chorar, mas não queria alguém que me estimulasse a desistir. Amamentar minha filha era mais que alimentá-la. Era um desejo, era um vínculo que eu queria vivenciar. 

Um dia, depois de muito choro e sentimento de incapacidade, uma amiga muito querida de anos atrás, (a Carol Rivello) escreveu um depoimento sobre como ela se sentia nesse processo com os seus filhos, e eu acabei lendo aquilo de madrugada. Me senti abraçada. Conversamos por mensagens, e a Carol me estendeu a mão de uma maneira, que acho que nem ela sabe como serei sempre grata. Naquele momento, foram muito mais do que simples dicas do que fazer. O que eu precisava, e que ela fez por mim foi me dizer (mesmo que não tenha proferido essas palavras) VOCÊ CONSEGUE.

No outro dia eu já estava mais calma, e as coisas foram melhorando. 
Não vou mentir: eu e a minha filha ainda não nos acertamos 100%. As vezes dói, as vezes tenho leite demais e as vezes de menos. Amamentar em livre demanda me deixa exausta, e tem dias que não consigo nem fazer as minhas refeições. Mas é isso, eu estou conseguindo.

EU ESTOU CONSEGUINDO!
Acho que ninguém conta pra gente como esse processo de amamentar pode ser dificultoso, como pode ser diferente das fotos de artistas com seus filhos nos braços, amamentando em meio a sorrisos. 

Então hoje eu escrevo este texto porque estou comemorando. Consegui superar e hoje ultrapasso a marca da minha primeira gravidez, quebro meu próprio recorde, e amamento minha filha há um mês e 11 dias, apesar de tudo, e de todos.

Continuo assim, um dia depois do outro, lutando com minha filha, por esse momento tão nosso.



Até
;)

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