quarta-feira, outubro 21, 2015

Rotininhas: O sono, a livre demanda e o gameplay

Tava puxado.
Nossa, como tava. A livre demanda estava me matando. O que acontecia, era que a Valentina ficava 24hs no meu peito e ponto final. Mentira, 24 hs é exagero. Vamos tirar umas 8 horas que ela dormia a noite. Sim, ela só dormia a noite sem estar agarrada em mim. Durante o dia, só no peito e no colo.

Acho que a gente fica muito atrelada a teorias. Elas estão por ai, em milhares de blogs legais na internet. Não pode deixar o bebê chorar - eles disseram. Criação com apego - eles disseram. Livre demanda - eles disseram. E eu fui. Fui até onde não podia mais.

Tive que aprender, a duras penas, que o que é bom pra todo mundo, não é bom pra mim. Nem pra mim, nem pra minha família. Ok, talvez eu estivesse exagerando, talvez eu tenha entendido tudo errado. Mas, depois que comecei a colocar minha filha para dormir sozinha, minha vida deu um upgrade.

Foram necessários quase dois dias, pra ela aprender que pode deitar, fechar os olhos, e descansar. Sozinha. Sem mim. (Foi muito rápido, eu sei). É duro deixar ela chorar. Mas eu fico ao lado dela, faço um carinho, e saio. Tá chorando mais? Eu volto, faço um carinho, e saio. E assim, ela aprendeu a descansar. E eu, voltei a viver.

Ontem, no primeiro dia de "treinamento" eu lavei louça.~ Pasmem ~ (nem me lembro quanto tempo eu não lavava uma xícara, coitado do Bruno) E hoje, fiz um 3D todinho. Eu disse TODINHO.
Isso porque, além de dormir sozinha, ela começou a dormir melhor, porque realmente descansa. Não fica afoita, com aquele olho meio aberto meio fechado, espiando se eu vou ou não tirá-la do colo.

Parece mágica! Não é feitiçaria, é tecnologia!

A livre demanda também acabou. Me julguem a vontade.
Parei de dar o peito toda vez que ela solicitava. Melhorou o refluxo dela. E a hora do sono, que antes era sempre acompanhada de um mama, passou a ser feita por mim ou pelo Bruno. Coisa linda! Retirando o peito da hora do sono, Bruno ganhou uma autonomia para colocá-la pra dormir. E ambos podem vivenciar juntos também esses momentinhos delícia.

Estou mega orgulhosa.
Estou feliz por ter uma rotina ~ mesmo que mínima ~ novamente.

Era isso que eu tinha pra contar hoje.
Ah, se você se perguntou o porquê do gameplay no título, eu explico:
isso é porque enquanto eu fazia ela dormir, enquanto eu trabalhava, enquanto eu lavava louça, inclusive enquanto eu escrevia esse texto, Vinícius estava colado no gameplay. 
Mais uma coisa pra eu tentar resolver. Esse vício em Minecraft. 



Mas esse ainda não sei como fazer. Se alguém souber, me avisa? ahahhahaa

Até, Lela. :)

terça-feira, outubro 20, 2015

A loucura, a solidão e as tristezas - o lado B da maternidade

Você recebeu um presente.
O maior de todos os presentes. Cansada, olha para o lado, e vê seu bebê, a luz da sua vida. Como pode então se sentir triste e angustiada? Como pode se sentir só, quando já não vai mais nem ao banheiro desacompanhada?

Quando fui mãe pela primeira vez, conheci de perto esse sentimento de solidão. Pensei comigo "sou muito nova, deve ser por isso que estou sofrendo tanto". Achei que numa próxima experiência, tudo sairia diferente. Que a maturidade me traria apenas sensações de alegria nesse momento incrível que é ter um filho. Ledo engano...

Você lê em sites e blogs de maternidade na internet, e lá estão milhares de mães como você. Sofrendo. Não me lembro onde, mas li um artigo que chegava a falar em luto. Que palavra forte, pensei na hora. Luto é mesmo uma palavra muito forte, mesmo considerando que uma parte sua, deixou de existir. E nem todos os desenhos, textos e passeios que eu faça nesse momento, podem acalmar quando bate aquela sensação de estar enlouquecendo. De estar completamente só. De não se sentir mais mulher. De não se sentir bonita. De não se sentir você.

Eu achei que tinha me preparado o suficiente para passar por tudo isso de novo. Mas acho que. a gente nunca se prepara o suficiente pra algo que não conhece. Não se engane. Minha vida (e a de muitas outras mães) não é um mar de infelicidades. O fato de estarmos tristes, em alguns momentos, não significa que não estejamos extremamente felizes em outros. Essa coisa dúbia louca, deve ser por conta dos hormônios, só pode ser. Ou por causa do filme triste da sessão da tarde, que desencadeia uma onda de choro. Ou porque o bebê não parou de chorar, e você já esgotou todo seu repertório de entretenimento. Daí nasce a loucura.

Ou ainda, você está sozinha em casa com o bebê na maior parte do tempo, não recebe mais visitas. Você sente que os amigos desapareceram. E de uma hora para outra, aquela vida social que você tinha passa de pouca para inexistente. Você não vai mais a um café fofocar, por exemplo. (Você nem pode mais tomar café...). E os almoços, bem, só os em família e olhe lá (misteriosamente você tem a sensação de que até a família se distancia depois que a novidade passa). Isso sem contar que, depois de um tempo, parece que até você não quer mesmo ver ninguém. Daí nasce a solidão.

Já me peguei pensando " mas o que pode  ter dado errado? " Passei a gravidez toda feito um meme mendigando likes. "Por favor, vai lá me visitar ein" " por favor, não me deixem sozinha" "por favor isso e aquilo". Uma vez uma amiga me disse: quando eu tinha dois filhos, as pessoas me chamavam pra fazer as coisas. Agora que eu tenho três, ninguém me convida mais... Que loucura! Eu entendo ela. Não, não é que os amigos deixaram de convidar, de visitar, a família também está lá. É que nós, quando ficamos exaustas, olhamos ao redor, e geralmente estamos sozinhas.

E é super complicado. Você não tem com quem conversar. Não pode expressar que está triste. As pessoas não aceitam isso numa boa, afinal você é mãe e tem que estar sempre feliz com isso, ora essa!
Você tenta desabafar com alguém e só escuta frases como:

É SÓ UMA FASE, VAI PASSAR. Oras bolas, eu sei disso. Todo mundo sabe. Mas isso por acaso muda aquilo que a gente está sentindo num momento de solidão?

VOCÊ SÓ SABE RECLAMAR. Acho essa das mais excelentes. Você está lá, exausta, com os cabelos revirados, sem escovar os dentes. Não dormiu a noite e não faz refeições sem estar balançando um bebê há alguns meses. E quando você acha que pode desabar, e se reconfortar em alguém, ouve um sonoro "você só sabe reclamar".

SEJA RACIONAL. Essa também é muito, muito boa e não exige grandes explicações. Pegue qualquer pessoa fragilizada e destituída do controle sobre a sua vida, e largue uma frase dessas. Agora aceite como você pode ser cruel.

APROVEITE. DEPOIS VOCÊ VAI SENTIR SAUDADE! É sério isso? Não consigo nem comentar.


Vou dizer para você que, eu ainda tenho muita sorte. Tenho duas primas na minha vida, uma que teve um bebê a pouco tempo, e outra que lida com bebês o dia todo. Ambas, quando eu falo que estou muito cansada, desnorteada, ou qualquer outra coisa, apenas me confortam com um simples e sonoro "É FODA". 

Me sinto mais leve e revigorada depois de um é foda. Me sinto mais humana e menos culpada. Me sinto uma mãe comum, e não um monstro. 

Eu já disse lá em cima, mas vou frisar aqui: Não se engane. Minha vida (e a de muitas outras mães) não é um mar de infelicidades.

É só que, de vez em quando, É FODA.

domingo, outubro 18, 2015

O museu, as responsabilidades e o tsuru

Neste sábado, fomos visitar o museu com as crianças, munidos de sling e muita paciência.
Um programa imperdível! Eu já estava em cólicas para visitar a exposição gratuita do Miró, mas quando se tem um filho de 8 e um bebê, todos na família precisam estar disponíveis para a empreitada dar certo. 
Fomos no período da manhã, quando a Valentina ainda é mais sonolenta. Coloquei a pequena no peito no sling e assim permanecemos durante toda a visita. Quando ela queria, mamava. Quando cansava, dormia. Foi uma tranquilidade só.
Já para entreter o Vini, propus um jogo: ele precisava desvendar o que cada quadro representava para ele, e me contar. Funcionou. 
Apesar de ser um programa muito legal, não podemos obrigar as crianças a se divertir de maneira erudita. Meus filhos estavam quietos, mas tinha muita criança lá chorando entediada, gritando "EU QUERO IR EMBOOORA"... matando os pais de vergonha.
É preciso mais do que ir! É preciso envolvê-los, entretê-los.
Mas a exposição está fantástica! Densa, completa, um espetáculo. Vale muito! Vou voltar no próximo final de semana sem o Vinícius para poder ler tudo e aproveitar com mais calma. 

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Vinícius resolveu que hoje iria assumir algumas responsabilidades.
Leia-se: resolveu passear com o cachorro.
Não, apesar de ele ter 8 anos (já!) ele não passeava com o cachorro porque não queria juntar as necessidades do bicho. E eu nunca obriguei. Ele já tinha saído com ela em bando, com o cachorro e os amigos. E ai sempre tinha uma boa alma que juntava o cocô pra ele. 
Hoje saíram só os dois, ficamos olhando da sacada, e ele cumpriu os deveres certinho.
Vini sobe mais um ponto no conceito.

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Valentina estava precisando de um móbile.
(Você deve estar se perguntando como um bebê precisa de algo assim, e eu entendo). Na verdade, nós achamos que ela precisava de um, em função do seu estágio de desenvolvimento. Mas móbiles estão pela hora da morte, custam mais do que valem, como quase todo brinquedo de criança.
Então me lembrei que na gravidez eu tinha me encantado com uns móbiles de origami, e pronto! Alguns papéis coloridos, um tutorial de tsurus na internet + um marido empenhado nas dobraduras, palitos de churrasco, alguns botões e uma mãe para montar tudo e voilá! Uma lindeza. 

Valentina amou. E o nosso bolso também.


Não ficou uma fofura?

Até,
Lela