quinta-feira, janeiro 28, 2016

Não pirei: a maternidade, a sanidade, e os sonhos.

Esse foi, o primeiro quadrinho que eu fiz pra alguém. 
Não era exatamente nesse tamanho, era num tamanho menor. Esse na verdade é uma versão ampliada que me encomendaram, mas ilustra bem o que eu vou contar hoje.

Tudo partiu daquele, pequenininho. Ele era um presente. Um presente que refletia muito mais de mim, do que da pessoa que estava sendo presenteada: eu estava exausta, com um bebê que chorava 24 horas por dia, precisando distrair a minha cabeça, apenas para não pirar.
Foi então que pela primeira vez, eu inspirei.
Passava todo o tempo que não estava com a Valentina olhando coisas bonitas. No Pinterest, em blogs, no instagram. Ao invés de dormir, e descansar, eu preferia ficar olhando imagens e lendo coisas que me traziam um pouco de brilho e sanidade. 
Respirei fundo, e comecei.
Pintar, desenhar, escrever, passou a ser meu refúgio. Cheguei a passar algumas horas nas madrugadas desenhando. Por algum motivo, eu me sentia mais descansada desenhando, que dormindo.

Ser mãe é maravilhoso. Como eu desejei essa menina. Mas eu não vou mentir para vocês: eu fui um tanto estúpida e subestimei a missão. Estava super tranquila, pensando: "vou tirar de letra! Já tive um filho quando era muito menos ligada, quando tinha menos idade, agora tenho experiência, vai ser super tranquilo!"
Me matriculei no TCC da faculdade, estava com a agenda lotada de trabalho, e a Valentina me provou, por A+B que quem mandava na porra toda era ela: chorou sem parar durante os 3 primeiros meses. Não dormiu inúmeras noites. Mamou a cada duas horas (isso, na verdade, ela ainda faz ahahaha) e me deu uma canseira, uma sensação de impotência, uma sensação de não saber absolutamente nada, sobre coisa alguma.

Mas aí veio o sonho, o desenho, as palavras positivas, a beleza da poesia, os textos, e tudo ficou mais calmo. Eu me sentia mais forte. Eu me recarregava. E estava, todo dia, preparada. Ao mesmo tempo que ouvia todo mundo dizendo "vai passar", eu não queria que passasse. Eu ainda não quero que passe. Quero aproveitar todos os momentinhos da minha filha, do meu último bebê (que a fábrica aqui vai ser fechada ahahaha). Quero sentir esse cheirinho ainda muito tempo. Quero ouvir cada chorinho, e todos os ataques de brabeza como se fossem os últimos, porque de fato serão! Esses primeiros 6 meses minha gente, foram muito loucos. Acho que aprendi a viver só agora. 

Voltando ao primeiro quadrinho, que eu dei de presente, ele era pequenino, do tamanho da minha expectativa, do tamanho da minha confiança, e a frase estava ali, me lembrando que a gente precisa prestar atenção: na inspiração, na respiração, e na gente. 
Hoje eu tenho gratidão. Hoje eu tenho os filhos mais lindos do mundo, mais calmos, mais parceiros. Hoje o quadrinho virou capa do Madame Lentilha, esse projeto tão pessoal que eu to desenvolvendo com tanto amor. 
Toda a fase de chororô passou, pra gente viver coisas novas. Pra eu pirar com medos novos. 
E que delícia que é a vida, bem assim. 


Até,
Lela :)

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